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Origem e significado das Cinzas

Todos os anos, a Igreja inicia sua quaresma, tempo de penitência que antecede os dias da Páscoa da ressurreição. Este período abre-se para o povo na quarta-feira quando há a imposição das cinzas.

De onde vem este costume? Inúmeros são os fatos da Sagrada Escritura em que as cinzas aparecem.

Assim, por exemplo, quando o ímpio Amã se dispunha a eliminar os judeus do império persa, Mardoqueu cobriu-se de cinza (cf. Est 4,1), enquanto muitos outros israelitas “se deitavam sobre o saco e a cinza” (Est 4,3). E, convencida pelo seu tio da necessidade de se apresentar diante do Rei Assuero para implorar-lhe a revogação do decreto, a rainha Ester passou três dias em jejum e oração e “cobriu a cabeça com cinzas” (Est 14,2) a fim de pedir o auxílio de Deus antes de se encontrar com o tirano.

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Ainda, Daniel implora a clemência de Deus para com Israel no exílio, “em jejum, cilício e cinza” (Dn 9,3); Jó se retrata e se arrepende “no pó e na cinza” (Jó 42,6); o rei de Nínive, um pagão, sensibilizado pela pregação do profeta Jonas que anunciava a destruição da cidade, “sentou-se sobre cinza” (Jn 3,6) e fez penitência junto com todos os seus súditos, obtendo de Deus a abolição da pena contra eles decretada. E assim, muitos outros.

Sinal de penitência

Já no Novo Testamento, é o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo quem indica o valor da cinza como elemento penitencial ao increpar Corozaim e Betsaida, dizendo que, “se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e a cinza” (Mt 11,21).

Segundo um costume iniciado no século XII, a cinza imposta aos fiéis nesse dia é obtida pela queima dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior. Isto ressalta ainda mais a futilidade das glórias deste mundo, voláteis como a cinza que o vento leva e efêmeras como os louvores dados ao Salvador ao entrar em Jerusalém, logo mudados em gritos de condenação.

Quando nos aproximamos do sacerdote para receber as cinzas ele traça sobre nossa testa de forma bem visível o sinal da Redenção, pois não devemos ocultar diante o mundo a nossa Fé cristã, nem devemos sentir vergonha em reconhecer nossa necessidade de conversão. E, enquanto o ministro de Deus as impõe, proclama uma destas duas frases bíblicas: “Lembra-te, homem, que és pó e ao pó hás de voltar” (cf. Gn 3,19) que nos recorda a brevidade e fragilidade da natureza humana, ou “Convertei- vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15) que nos recorda a necessidade de uma autêntica conversão que nos será lembrada todos os dias da quaresma.

Para um verdadeiro arrependimento

A cerimônia de bênção e imposição das cinzas não deve ser vista apenas como uma bela manifestação de fé que deita suas raízes em antigos tempos. Muito além do seu valor simbólico e histórico, ela é um sacramental por cujo intermédio a Santa Igreja intercede ante seu Divino Esposo pelos fiéis que se acolhem a esta cerimônia e implora para eles graças de penitência e conversão.

Assim, quando ao abençoar as cinzas, o sacerdote pede que Deus derrame sua bênção sobre os que vão recebê-las de forma que, como nos diz os textos para a bênção, “prosseguindo na observância da Quaresma, possam celebrar de coração purificado o mistério pascal” ou possamos “pela observância da Quaresma, obter o perdão dos pecados e viver uma vida nova”, devemos ter certeza de que, ao receber sobre nossa fronte as cinzas tornadas sagradas, Deus fortalecerá com sua graça os nossos bons propósitos para esse período de penitência.

São João Paulo II, na cerimônia de Quarta-feira de Cinzas de 2003, dirigiu estas palavras aos fiéis:

Sem dúvida este gesto [de imposição das cinzas], que alguns poderiam considerar de outros tempos, está em contraste com a mentalidade do homem moderno, mas isto leva-nos a aprofundar o seu sentido, descobrindo a sua singular força de impacto.

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Impondo as cinzas sobre a cabeça dos fiéis, o celebrante repete: “Recorda-te que tu és pó, e em pó te hás-de tornar”. Voltar a ser pó é a sorte que, aparentemente, irmana homens e animais. Porém, o ser humano não é apenas carne, mas também espírito; se a carne tem como destino o pó, o espírito é feito para a imortalidade. Além disso, o crente sabe que Cristo ressuscitou, derrotando a morte também no seu corpo. Ele caminha na esperança, rumo a esta perspectiva.

Portanto, receber as cinzas sobre a cabeça significa reconhecer-se como criatura, feita de terra e destinada para a terra (cf. Gn 3,19); significa, ao mesmo tempo, proclamar-se pecador, necessitado do perdão de Deus, para poder dar nova vida à esperança do encontro definitivo com Cristo, na glória e na paz do Céu.

Esta perspectiva de alegria compromete os cristãos a fazer todo o possível para antecipar no tempo presente um pouco da paz futura. Isto pressupõe a purificação do coração e o fortalecimento da comunhão com Deus e os irmãos. Esta é a finalidade da oração e do jejum para os quais, diante das ameaças da guerra que incumbem sobre o mundo, convidei os fiéis. Com a oração, nos colocamos totalmente nas mãos de Deus e somente dele esperamos a paz autêntica.

Com o jejum, preparamos o coração para receber do Senhor a paz, dom por excelência e sinal privilegiado da vinda do seu Reino.

 

Fonte: S. João Paulo II, Homilia na Basílica de Santa Sabina no Aventino, Quarta-feira de Cinzas, 5 de Março de 2003


Espero que este artigo lhe tenha feito muito bem espiritual e mostrado a beleza da nossa Fé Católica!

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